segunda-feira, 22 de março de 2010

ARES


A origem de Ares não é muito clara, mas ele já era louvado na Grécia, no mínimo, desde o século IX a.C.
Embora no Helenismo não existam demônios (no sentido judaico-cristão da palavra), o deus que mais se aproxima dessa conotação é Ares.
Nas obras do poeta Homero, ele é chamado de “o mais odioso de todos os deuses olímpicos” e “encarnação do mal”. E séculos depois, o teatrólogo Ésquilo determinou que Ares é o “deus que não é um deus de verdade”.
Embora já tenha sido mencionado por várias vezes em épocas diferentes e países diferentes como “deus da guerra”, na verdade Ares não é bem isso. É um deus guerreiro, evidentemente. Mas ele não controla a guerra nem vive em função dela. Ele é o deus da carnificina e da violência, praticadas dentro da guerra ou fora dela.
Ares era imaginado aparecendo nas lutas só pra participar dos atos de violência, destruindo quem encontrava pela frente da forma mais aleatória possível e soltando gritos aterrorizantes de satisfação a cada vez que derramava sangue.
Ele era visto pelos gregos antigos como filho de Zeus e Hera, o que fazia dele o legítimo Príncipe do Olimpo e deveria dar a ele uma posição de destaque entre as outras divindades. Mas os mitos e lendas populares dizem claramente que, devido à personalidade descontroladamente sádica e violenta que Ares tem, ele é desprezado até pelas outras divindades olímpicas. Inclusive pelos pais Zeus e Hera!
Só Afrodite era imaginada tendo alguma afeição por Ares. E foi só com ela, de acordo com alguns mitos, que ele teve um relacionamento romântico, do qual nasceram alguns filhos.
Ares também era imaginado como pai de vários e vários outros filhos, mas quase todos nascidos dos estupros que ele praticava frequentemente em várias mulheres. E quase todos esses filhos eram bandidos e malfeitores de personalidade quase tão sádica e sanguinária quanto o pai.
Diga-se de passagem, Ares é um deus 100% heterossexual: nenhum mito nem lenda menciona qualquer contato sexual dele com nenhum ser do mesmo sexo.
Apesar da violência com a qual ele lutava, as lendas sobre Ares geralmente mencionam esse deus levando a maior surra de guerreiros mortais (principalmente de Hércules) quando se metia a lutar contra um deles. E muitas vezes tendo que fugir da luta no final!
Se no imaginário popular os gregos antigos pensavam em Ares como um deus desprezado pelos outros deuses e ridicularizado pelos mortais, na prática a coisa não era nem um pouco diferente: ele era a divindade olímpica menos adorada pelos antigos gregos. Em Atenas, então, ele só tinha um altarzinho mixuruca.
Só nas cidades de Tebas e Esparta é que ele tinha templos realmente maiores e recebia um culto mais desenvolvido.
Mas será que todas essas características não são meio estranhas num deus? Ares não ajuda nem protege ninguém (todos os deuses e deusas, de qualquer religião, protegem no mínimo um grupo específico de pessoas), ele mata e destrói ao acaso o que encontra pela frente, ninguém gosta dele (com raríssimas exceções), ele é imaginado sendo sempre derrotado por meros mortais e a maioria das pessoas não oferecem louvores a ele.
E aí fica uma questão que nenhum historiador nunca conseguiu entender bem até hoje: por que uma divindade tão mal vista por todos foi elevada ao posto de filho do Casal Real do Olimpo e, graças a isso, Príncipe dos Deuses?
De qualquer forma, Ares pode ser visto como o símbolo religioso do homem bem nascido, que desde o início tinha tudo pra ter mais destaque do que os outros, mas perdeu tudo isso devido à sua personalidade negativa e aos seus atos maléficos.
Assim, ele deve ser visto pelos praticantes do Helenismo como o anti-exemplo: aquele em quem se deve pensar pra fazer tudo ao contrário do que ele faz.
Não consegui encontrar registro de nenhum vegetal consagrado a ares, mas o animal consagrado a ele é o abutre.

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